segunda-feira, 10 de março de 2008

Ventam-me os aforismos, mas não sei se chove


Culpa-se o vento, o dia de chuva cada vez mais cinzento, um dia que se punha turvo primeiro por dentro e só depois, lá fora, ofuscando os olhos com as gotas de chuva que se sabiam cair com força nas pedras da calçada em que nunca ninguém reparou.

Acordarmo-nos pedras da calçada, a verdade é que sim, há dias desses. Dias cinzentos em que se espera somente pela primeira gota que caia, que nos refresque. Nunca caiu; talvez caia, talvez chova e nos constipe. Talvez se fique pelo seu cinzentismo, como se o cinzento fosse um inválido tom de algo que não foi mas vai ser. O cinzento é tão válido para representar a esperança como o verde: o cinzento é a promessa de chuva.





Imagem de Pedro Moreira, retirada
daqui.