quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Life, #236

Lentamente, o plano imprevisto começava a delinear-se, dando-se a conhecer. A ideia era actuar como um cancro: usar os meios do próprio organismo para fazê-lo implodir. Pensar assim tranquilizava-o; afinal, não deixava de ser em si mesmo um ente exógeno, disfarçado apenas de qualquer outra coisa. Perceptível para si, estranho para os outros; de fronteiras claras, mas não-demarcadas. Um muro químico emanava da sua aparente tranquilidade, obediência, rigor de bons-costumes; this one shall not be trusted. Até ao dia.
Seguia assim, procurando não pensar muito na metamorfose a que se assistia; a ideia de partilha angustiava-o até quando aplicada a si mesmo. Não queria, nem quer, saber. Para existir um fora, era necessário que, em primeiro lugar, se criasse um dentro do qual simplesmente não fazia parte. E nessa sua busca obsessiva pela relatividade final, encontrava uma bela forma de passar o tempo enquanto não chegasse o tempo de mudar, de novo, de forma. Afinal, tudo é relativo, por força de circunstâncias.
Até ao delinear do novo plano imprevisto.